A "criança-problema" Na Escola Brasileira Uma Análise Do Discurso Pedagógico

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Sinopse

O livro A criança-problema na escola brasileira investiga as seguintes questões: como se chegou a identificar certos alunos como sendo "crianças-problema"? De que modos se procurou desvendar as causas dos problemas de aprendizado ou de comportamento na escola e que medidas foram recomendadas para o seu enfrentamento?
A partir da análise dos discursos educacionais e da legislação sobre a infância, Ana Laura Godinho Lima demonstra que o surgimento da expressão "criança-problema" nos discursos pedagógicos teve consequências importantes para o modo como os educadores passaram a enxergar os alunos que não aprendem ou não se comportam conforme o esperado. A "criança-problema" serviu para tornar permeável a fronteira entre a normalidade e a anormalidade. Por um lado, deixou-se de considerar que todas as crianças difíceis eram "anormais" ou "deficientes". Passou-se a acreditar na possibilidade de prevenir e mesmo reverter uma série de dificuldades, recorrendo-se, para isso, a medidas educacionais, que deveriam ser postas em prática em conjunto pela escola e pela família. Por outro lado, ampliou-se o controle dos especialistas sobre todas as crianças, que começaram a ser vistas como "crianças-problema" em potencial. Diversas circunstâncias mais ou menos graves passaram a ser entendidas como fatores que poderiam desencadear problemas de ajustamento da criança à escola, desde o divórcio dos pais ou o nascimento de um irmão até a entrada do aluno na puberdade, entre muitos outros. Os discursos educacionais começaram a trazer recomendações para que as crianças fossem submetidas a um regime de observação contínua, em suas dimensões física, intelectual, emocional e moral. Ao menor sinal de desvio, medidas corretivas poderiam ser iniciadas.
Assim, este livro esclarece as condições históricas que tornaram possível o surgimento das atuais práticas de encaminhamento de alunos para diagnósticos especializados. E sugere a substituição da pergunta: qual o problema deste aluno? por esta outra: de quanta conformidade à ordem os educadores e a escola precisam para que seja possível educar uma criança?