As Alegrias Do Desterro: Aforismos

  • Autor: Joaquim Esteves
  • Editora: Viseu
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Sinopse

Somos todos náufragos de um barco chamado Capital que foi a pique num mar de cifras.
O pior são os loucos sem diagnóstico.
Não contem comigo para disfarçar e esconder a feiura do mundo.
O Facebook é o paparazzi dos anônimos.
Pariram-nos para sermos o caviar dos vermes e o adubo racional da terra.
O fim do mundo não é um momento; é um processo. Estamos em pleno fim do mundo.
Na germinação do mal, a inveja está em algum lugar do embrião.
Há seres humanos que não têm mais alma, só têm o sistema nervoso central e o periférico.
Todos lambem o Capital como única alternativa para o paladar.
As drogas e a putaria deveriam fazer parte do PIB.
Os outros são moscas sobre a minha angústia
Não perfume a ferida. Cure-a ou adote-a.
Todos os que morrem são maravilhosos porque ninguém tem inveja de gente morta.
Os cabelos brancos jamais me cobrirão a alma.
Nenhum homem excitado está em seu juízo perfeito.
Já se foi o tempo do narcisismo. Hoje assistimos ao advento do pavonismo.
Não são os comunistas que comem criancinhas; são os padres.
Quando disserem que estás louco, é bom sinal. Só não te deixes internar.
Não há pódios para tantos campeões.
Livros sagrados são muito perigosos.
O romantismo é um efeito colateral da testosterona.
Desgraçadamente, ainda não existem hospícios para empresas e instituições.
Livrar-se da solidão é livrar-se de si mesmo.
Dê um susto no seu medo.
O útero é a sala VIP do inferno.
Se a vida terminasse com um beijo de Deus, seria mais que um happy end, seria a morte de milênios de saudade.
Ele preferia vaginas acéfalas.
A solidão assusta, mas desperta. A convivência conforta, mas entorpece.