O Discurso Da Delinquência

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Sinopse

Na madrugada de 15 de novembro de 1959, dois homens invadem uma residência rural em uma pequena cidade interiorana, no Kansas, Meio-oeste americano. O The New York Times dá, na época, dez linhas em uma página interna, sem mais detalhes ou holofotes sobre o acontecimento. Seis anos depois, Truman Capote – um dos principais escritores americanos da fase do New Journalism – publica A Sangue Frio, uma obra que lhe rendeu fama, dinheiro e gravou seu nome para sempre entre os autores mais lidos no mundo.
O diferencial do livro de Capote é o amplo espaço destinado à vida dos personagens e o detalhamento da narrativa que os constitui como sujeitos. Do mesmo modo, Michel Foucault, principalmente em Vigiar e Punir, preocupou-se em discutir como a punição e o enclausuramento fabricam sujeitos estandardizados, de quem se espera pouco mais do que a reincidência, ainda que a exemplaridade desse processo tenha sido útil à fabricação de sujeitos dóceis.
O Discurso da Delinquência analisa a obra de Capote sob a lente sempre atenta de Michel Foucault, na tentativa de mostrar que a invisibilidade dos indivíduos nos meios de comunicação é agravada por uma narrativa coletiva sobre a criminalidade e acaba projetando na opinião pública uma imagem padrão desses sujeitos. Foucault parte da constatação de uma dualidade que põe, de um lado, a forma representada pela visibilidade da prisão; e, de outro, o conteúdo composto pelos enunciados, que dão sustentação às punições em si, pela autenticidade encontrada no direito penal e pela legitimação de um sistema de punições por meio de um discurso "oficial" sobre a delinquência.
Por fim, pode-se afirmar que, tanto em Vigiar e Punir quanto em A Sangue Frio, há um sujeito criminoso em constituição, não atento nos discursos que se referem ao seu ato, mas nos dispositivos de enunciação sustentados pelos elementos que compõem o espaço, o tempo e os sujeitos encarcerados. Decifrar esses signos é a proposta central deste livro.