Sinopse
Uirá Machado, editor da "Ilustríssima" na Folha, entrevista autores de livros de não ficção ou de pesquisas acadêmicas.
Episódios
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Ernesto Rodrigues: Globo foi mais espelho do Brasil que Grande Irmão
07/12/2024 Duração: 47minErnesto Rodrigues, que acaba de lançar o primeiro volume de uma trilogia sobre a história da Rede Globo, diz não acreditar em isenção no jornalismo. Para ele, um esforço sincero para apresentar as várias interpretações de um acontecimento é o melhor caminho. O autor afirma ter se guiado por esse princípio ao escrever sobre os quase 60 anos da Globo, a partir, principalmente, dos depoimentos do acervo institucional da emissora. O retrato que surge do primeiro livro, "Hegemonia: 1965-1984", é mais comedido que outros trabalhos sobre a Globo. Rodrigues narra, o imbróglio relacionado ao acordo com o grupo americano Time-Life, o alinhamento de Roberto Marinho com a ditadura militar e a parcialidade em coberturas históricas, como as greves do ABC e o comício na praça da Sé em janeiro de 1984. O jornalista, por outro lado, recusa a ideia de orquestração deliberada para manipular a opinião pública do país. Em sua opinião, a Globo foi, ao longo da sua história, mais espelho do Brasil, tanto na dramaturgia quanto no no
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André Roncaglia: Agro e bets transformam Brasil em 'fazendão com cassino'
23/11/2024 Duração: 49minA desigualdade brasileira tem uma gramática intricada, muitas vezes invisível às pessoas comuns. Esse é o ponto de partida de "Poder e Desigualdade", de Cesar Calejon e André Roncaglia. Roncaglia, professor da UnB e diretor-executivo do Brasil no FMI, debate neste episódio a evolução da economia brasileira nas últimas décadas. O pesquisador também discute as características do que chama de um novo espírito do tempo, marcado por um individualismo que valoriza riscos e se afasta de organizações coletivas. "Poder e Desigualdade" propõe que, com o avanço da agropecuária na estrutura produtiva do país e de bets e coaches na subjetividade dos trabalhadores, o Brasil está se transformando em um "fazendão com cassino". Roncaglia defende que, para ter chances nesse cenário, a esquerda precisa encontrar um novo discurso e passar a dialogar com as aspirações de prosperidade e de recompensa pelo esforço e pelo mérito individual, ainda que desafiando essas ideias. O pesquisador também abordou o papel da sensação de estagn
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Tiago Rogero: Brancos são o grupo identitário dominante no Brasil
09/11/2024 Duração: 44minEm 2018, Tiago Rogero ouviu a escritora Conceição Evaristo falar, em uma palestra, que as escolas brasileiras ensinavam a Revolução Farropilha, no Rio Grande do Sul, mas não a Revolta dos Malês, levante de escravizados de Salvador em 1835. O jornalista diz que, depois disso, passou a pensar nas histórias nunca foram contadas ou silenciadas sobre a herança africana do país. Dessa inquietação, surgiu a ideia se debruçar sobre o passado do Brasil a partir das experiências e do protagonismo de pessoas negras. Nasceu assim o projeto Querino, investigação jornalística coordenada por ele que resultou em um podcast narrativo de oito episódios, lançados em 2022. A série em áudio acaba de virar livro pela Fósforo. O espírito da obra é ampliar e aprofundar questões e temas discutidos no podcast, mantendo a estrutura e o tom que centenas de milhares de ouvintes conhecem bem. Rogero, hoje repórter do jornal The Guardian, fala neste episódio sobre os desafios que enfrentou para transpor o áudio para o registro escrito e di
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Jessé Souza: Direita e religião souberam manipular a raiva dos pobres
19/10/2024 Duração: 44minPor que eleitores pobres que votaram em Lula e Dilma em quatro eleições seguidas passaram a dar vitórias à direita? O sociólogo Jessé Souza tenta responder a essa questão em seu mais recente livro, o recém-lançado "O Pobre de Direita: A Vingança dos Bastardos" (Civilização Brasileira). Jessé, entrevistado deste episódio, divide essa classe empobrecida de eleitores em dois grupos: o pobre branco de São Paulo e do sul do Brasil e o negro evangélico. Em comum, ambos manifestam repúdio pela esquerda, por políticas de inclusão de grupos marginalizados e por programas como o Bolsa Família. Guardam, entretanto, diferenças significativas, que remetem às desigualdades do país, avalia ele. Na entrevista, Jessé também comenta o segundo turno em São Paulo, diz que o PT deveria aprender com Getúlio Vargas e argumenta que a esquerda em geral afasta eleitores ao dar protagonismo a pautas identitárias. Produção e apresentação: Marco Rodrigo Almeida Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy infor
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Daniel Santini: Direita hoje vê tarifa zero como solução
05/10/2024 Duração: 51minQuando as manifestações de Junho de 2013 estouraram, era fácil situar politicamente a defesa da gratuidade no transporte coletivo: o movimento estava ligado à esquerda. Dez anos depois, tudo mudou. O número de cidades brasileiras com tarifa zero universal passou de 19 em 2013 para 116 em 2024, e a maioria delas é governada por partidos de direita. Esse cenário é analisado por Daniel Santini no recém-lançado "Sem Catraca: da Utopia à Realidade da Tarifa Zero". Para o autor, a pandemia de Covid-19 escancarou que o transporte coletivo está colapsando no país. Neste episódio, ele afirma que mesmo uma política de gratuidade mal desenhada é melhor que o modelo atual, baseado na receita das catracas, e se contrapõe às críticas que qualificam a tarifa zero como algo irrealizável. Ouça também: Junho de 2013 tornou passe livre um debate possível, diz Roberto Andrés Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Ronilso Pacheco: Extrema direita usa gramática religiosa em projeto de radicalização
14/09/2024 Duração: 48minA Igreja foi uma peça fundamental do colonialismo europeu e da escravização de africanos, mas a espiritualidade cristã pode se comprometer com um projeto de emancipação. Esse é o horizonte de "Teologia Negra: o Sopro Antirracista do Espírito", de Ronilso Pacheco, publicado em 2019 e relançado neste mês. Para Pacheco, a teologia não deve continuar a ser vista como uma área de estudo puramente especulativa, sem contato com a realidade social. Em vez disso, ele defende que se considere que a teologia nasceu no deserto, referência à jornada de libertação narrada no Êxodo. A religiosidade, nessa perspectiva, vem da experiência concreta da opressão —e a teologia negra, além de ressaltar as raízes africanas de acontecimentos e personagens bíblicos, disputa a própria ideia de uma espiritualidade universal, desvinculada da história dos povos. Pacheco é mestre em teologia pela Universidade Columbia, diretor do Iser (Instituto de Estudos da Religião), pastor auxiliar da Comunidade Batista e colunista do UOL. Na entrevis
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Marcelo Viana: Avanço da IA desafia ideia de superioridade humana
31/08/2024 Duração: 42minEm 1611, Johannes Kepler apontou que organizar laranjas como os feirantes fazem hoje em dia —em arranjos hexagonais e camadas sobrepostas— era a melhor forma de aproveitar o espaço disponível. O astrônomo e matemático alemão, no entanto, não conseguiu provar essa conjectura na época e o problema só foi de fato resolvido em 2017, mais de 400 anos depois. Tanto tempo para tão pouco, muitas pessoas podem pensar. Afinal, que diferença isso faz? Em "Histórias da Matemática: da Contagem nos Dedos à Inteligência Artificial" (Tinta-da-China Brasil), Marcelo Viana mostra que até as pesquisas mais teóricas podem dar origem a novas tecnologias, mesmo que, em alguns casos, isso demore vários séculos. O pesquisador escreve que o problema do empacotamento de esferas (o exemplo das laranjas) ajuda hoje a detectar e corrigir erros de transmissão de informações e que pesquisas sobre números primos foram fundamentais para desenvolver a criptografia moderna, além de lembrar os desdobramentos na astronomia e na física, por exemp
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Ligia Diniz: Ficção também deveria fetichizar corpos masculinos
17/08/2024 Duração: 43minSe a leitura de um romance é uma espécie de alucinação —em que a pessoa que lê experimenta a vida de personagens—, quantas vezes as mulheres alucinaram ser homens? Esse é um dos pontos de partida de "O Homem Não Existe: Masculinidade, Desejo e Ficção" (Zahar), de Ligia Gonçalves Diniz, crítica literária e professora da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). No livro, a autora discute como essa alucinação, movida pela hegemonia masculina na literatura, molda a subjetividade das mulheres. Em primeiro lugar, Diniz questiona de que forma ler como um homem por tanto tempo influenciou como ela própria se vê no mundo. A pesquisadora busca ultrapassar os termos usuais da equação de gênero, discutindo como obras de ficção incorporam obsessões fálicas e narrativas elogiosas de homens em fúria. Na entrevista, Diniz insiste ser essencial trazer a noção de corpo para esse debate e defende que escritores misóginos e obras machistas não deixem de ser lidos, por permitirem, entre outros motivos, conhecer os opressores
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Paolo Demuru: Conspirações seduzem por oferecer encanto
03/08/2024 Duração: 47minNão é incomum que, depois de ver uma fake news ser desmentida, o que permaneça reverberando seja a própria informação falsa. Para Paolo Demuru, esse efeito mostra que tentar enfrentar a desinformação e narrativas conspiratórias usando só dados objetivos e argumentos racionais não é suficiente. Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Demuru discute em "Políticas do Encanto" os mecanismos do conspiracionismo e como as forças progressistas podem lidar com esse fenômeno. O autor aponta que fantasias de conspiração, além de oferecer explicações simples para problemas assustadores, permitem que as pessoas encontrem um propósito e se sintam parte de uma comunidade. Em outras palavras, proporcionam maravilhamento em um mundo competitivo e individualista. Neste episódio, Demuru debate a atitude preponderante em boa parte da esquerda hoje —que, por não se desvencilhar do que ele chama de supremacismo da razão, acaba se comportando como uma estraga festa. Para o pesquisador, recorrer à indignação só funciona
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Camilo Rocha: Música eletrônica combinou contracultura e elitização
20/07/2024 Duração: 39minA história de São Paulo é entremeada com a história da cena de música eletrônica da cidade. Camilo Rocha defende a ideia em "Bate-estaca", livro que registra as transformações da noite e da própria São Paulo desde o fim dos anos 1980, quando DJs deixaram de ser figuras quase desconhecidas, gêneros como house e techno tomaram as pistas e o movimento clubber ganhou força na cidade. O autor é, ao mesmo tempo, observador e participante da história que narra: DJ e jornalista, Rocha acompanhou as mudanças dos sons e dos comportamentos na noite paulistana, as marcas da desigualdade de São Paulo nesse universo cultural e a explosão das raves nas proximidades da capital. Também assistiu à hiperfragmentação e a elitização da música eletrônica que levaram à decadência da cena em São Paulo na metade dos anos 2000. Na entrevista, Rocha fala sobre os clubes underground que ajudaram a projetar drag queens ao mainstream da cultura brasileira e a oferecer espaços de socialização a pessoas LGBTQIA+ e das fricções entre utopias
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Natalia Viana: Sem Assange e WikiLeaks, não teria havido Vaza Jato e Lula 3
06/07/2024 Duração: 44minNatalia Viana tinha acabado de conhecer Julian Assange, em novembro de 2010, quando recebeu dele o recado em um papel: "Não fale uma palavra". A jornalista brasileira viajou para Londres sem saber quase nada sobre o projeto em que acabaria se envolvendo, mas logo se deu conta do alcance e dos riscos do que Assange e o WikiLeaks estavam planejando: a divulgação de 250 mil telegramas de embaixadas dos Estados Unidos. No recém-lançado "O Vazamento", a autora apresenta um balanço dessa experiência, que marcou a sua trajetória e mudou os rumos da sua carreira —bem como transformou o jornalismo nos anos 2010 e influenciou negociações diplomáticas e protestos populares ao redor do mundo. O livro transporta os leitores para o casarão, no interior da Inglaterra, em que a equipe se isolou antes da divulgação dos documentos e retrata a personalidade de Assange, registrando atitudes machistas e sua postura controladora, ao mesmo tempo que reconhece sua grandeza como figura histórica. O fundador do WikiLeaks passou os últ
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[Conteúdo Patrocinado] Podcast discute o combate à exploração sexual de crianças e adolescentes.
27/06/2024 Duração: 37minA cada hora, seis crianças ou adolescentes são vítimas de violência sexual no Brasil. Mas esse número deve ser bem maior, porque apenas 8,5% dos casos são notificados. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023 aponta ainda que denúncias desse tipo de violência aumentaram 16,4%, em 2022, e a maioria das vítimas tem entre 10 e 17 anos. O combate à exploração sexual de crianças e adolescentes é causa social da Vibra, a maior distribuidora de combustíveis e lubrificantes do Brasil, e tema de podcast realizado em parceria com o Estúdio Folha, ateliê de conteúdo patrocinado da Folha de S.Paulo.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Raquel Barreto: Lélia Gonzalez captou resistência de negros em festas populares
22/06/2024 Duração: 37minLélia Gonzalez (1935-1994), uma das mais celebradas intelectuais negras brasileiras do século 20, publicou dois livros em vida. "Lugar de Negro" saiu em 1982, em coautoria com Carlos Hasenbalg. Já "Festas Populares do Brasil" foi lançado cinco anos depois. A obra teve patrocínio da Coca-Cola, e seus 3.000 exemplares foram distribuídos como presente de fim de ano. Por isso, o livro sempre teve uma circulação muito restrita —até agora, quando chega ao mercado em uma edição da Boitempo com materiais inéditos e textos de apoio. Neste episódio, o podcast recebe Raquel Barreto, curadora-chefe do Museu de Arte Moderna do Rio, pesquisadora do pensamento de Lélia e autora do prefácio de "Festas Populares do Brasil". Ela discute como Lélia interpretou no trabalho a formação da cultura brasileira, partindo da ideia de que os africanos trazidos para o Brasil precisaram encontrar formas para recriar suas práticas culturais nos interstícios da escravidão, e fala sobre o papel das imagens na obra. O volume têm registros do
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Carlos Poggio: Brasil freou ação imperial dos EUA na América do Sul
08/06/2024 Duração: 44minPara entender como os EUA exercem seu poder no resto do continente, é preciso se afastar do conceito de América Latina. Essa ideia é defendida por Carlos Poggio em "O Império Ausente", resultado da sua tese de doutorado em relações internacionais. Poggio, hoje professor universitário no Kentucky, ressalta que o padrão de intervenção dos EUA nos últimos dois séculos foi muito diferente na região que abarca o México, a América Central e o Caribe e na América do Sul. O pesquisador aponta que, na sua vizinhança mais imediata, os Estados Unidos consolidaram uma ação imperial mais nítida —com a desestabilização indireta de governos eleitos ou a invasão de países por tropas militares. Na América do Sul, por outro lado, o Brasil, pilar da estabilidade regional, afetou a equação de custos e benefícios de intervenções americanas mais severas. Essa análise dá peso à política externa brasileira e refuta a ideia de que o país segue os ditames de Washington como um fantoche. O retrato que emerge, no entanto, pode ser ainda
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Luís Fernando Tófoli: Ayahuasca não pode ser sequestrada pelo capitalismo
18/05/2024 Duração: 44minO Ilustríssima Conversa desta semana recebe Luís Fernando Tófoli, professor de psiquiatria da Unicamp e coordenador da Icaro, rede de pesquisa e divulgação sobre a ayahuasca. Tófoli é um dos organizadores de uma coletânea de textos sobre a bebida psicodélica. "Visões Multidisciplinares da Ayahuasca" reúne trabalhos que analisam, entre outros temas, a história do uso do chá no Brasil, as evidências de seu potencial no tratamento de transtornos mentais e seus efeitos no cérebro humano. Na entrevista, Tófoli discute a evolução das pesquisas sobre a ayahuasca e o que se sabe hoje sobre seus efeitos terapêuticos em pacientes com depressão e o que ainda precisa ser investigado. O pesquisador também trata das demandas de povos originários —a ayahuasca, afinal, tem raízes em grupos indígenas da América do Sul— e dos rumos atuais da política de drogas do Brasil. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
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Pedro Arantes: PT virou unidade de política pacificadora
04/05/2024 Duração: 54minA imagem de uma multidão rumando às sedes do poder para derrubar um regime político não era, até pouco tempo atrás, uma fantasia da direita. Rebeliões desse tipo foram uma utopia da esquerda desde, pelo menos, a Revolução Russa. A invasão do Capitólio e o 8 de Janeiro escancaram, nesse sentido, uma grande transformação simbólica. As sucessivas inversões entre direita e esquerda, ordem e desordem e pacificação e insurgência na história brasileira recente são o fio condutor de "8/1: a Rebelião dos Manés" (Hedra), de Pedro Arantes, Fernando Frias e Maria Luiza Meneses. Arantes, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e convidado deste episódio, defende que as forças progressistas devem levar a sério as propostas e as ações da extrema direita brasileira. Para ele, o 8 de Janeiro é uma oportunidade para a esquerda refletir sobre seus rumos recentes —em uma conjuntura de perda de vitalidade e conformação em administrar uma ordem precária e desigual. Na entrevista, o pesquisador aborda as prisões e
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Monica Benicio, viúva de Marielle: Prisões não encerram luta por justiça
20/04/2024 Duração: 43minPouco mais de seis anos depois do assassinato de Marielle Franco, a Polícia Federal prendeu no fim de março o deputado federal Chiquinho Brazão, Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil fluminense. Esse desfecho, porém, não deve ser visto como o fim do movimento de luta por justiça por Marielle Franco e Anderson Gomes, diz Monica Benicio, viúva da vereadora. Para ela, que hoje também ocupa uma cadeira na Câmara Municipal do Rio pelo PSOL, as investigações precisam continuar para apurar a eventual participação de outras pessoas no caso. Benicio defende, por outro lado, que o clamor pela elucidação do crime se desdobre em um projeto de futuro —de combate às desigualdades e às opressões de gênero, orientação sexual e raça. Ela acaba de lançar "Marielle & Monica: uma História de Amor e Luta", obra que apresenta um relato íntimo do relacionamento entre elas. Benicio expõe os altos e baixos de uma relação intensa e o
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Carlos Fico: O que separa o discurso bolsonarista da propaganda da ditadura
06/04/2024 Duração: 47minMesmo quem nasceu depois do fim da ditadura provavelmente tem na cabeça alguns dos slogans ou das canções criados pelo regime militar. "Este é um país que vai pra frente" e "Brasil: ame-o ou deixe-o" continuam ecoando quase 40 anos depois da redemocratização, o que indica que a propaganda teve êxito em seus objetivos. Para Carlos Fico, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), isso se deve, sobretudo, à forma como a ditadura militar mobilizou um imaginário nacional muito arraigado: a visão otimista que concebia o Brasil como um país destinado à grandeza. O historiador acaba de lançar uma nova edição de "Reinventando o Otimismo", livro que examina como a ditadura mobilizou os discursos otimistas sobre o Brasil para criar uma propaganda que parecia despolitizada. Neste episódio, Fico afirma que as campanhas do regime encapsulavam a ideia, dominante entre os militares, de que a sociedade brasileira precisava ser tutelada pelas Forças Armadas para que o país pudesse se desenvolver. O autor també
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Fernando Pinheiro: Como Clarice Lispector e Paulo Coelho forjaram suas imagens literárias
16/03/2024 Duração: 43minUma obra literária, diz Fernando Pinheiro, professor de sociologia da USP, pode ser entendida como a soma do texto escrito e da imagem do seu autor —e a forma como os escritores se projetam tem forte influência sobre a posição que conseguem alcançar no sistema literário. No recém-publicado "O Mago, o Santo, a Esfinge", Pinheiro se concentra nas representações de Paulo Coelho, Manuel Bandeira e Clarice Lispector. Os ensaios reunidos no livro analisam como os autores se tornaram personagens distintos da literatura brasileira. Neste episódio, o pesquisador discute por que Paulo Coelho, mesmo tendo vendido mais de 300 milhões de cópias em todo o mundo, nunca ultrapassou uma condição marginal no campo literário do país. Pinheiro também explora como Clarice Lispector, por outro lado, conseguiu manejar um aparente paradoxo: se transformar em esfinge, considerada até hoje uma escritora indecifrável e, ao mesmo tempo, recusar a figura de intelectual, afirmando, por exemplo, que não gostava de ler e que escrevia crônic
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Mauricio Stycer: Como Gilberto Braga mudou as novelas no Brasil
02/03/2024 Duração: 52minPoucos nomes marcaram tanto a telenovela no Brasil quanto Gilberto Braga. Nas quatro décadas em que escreveu para a TV, criou grandes sucessos, abordou temas que se tornaram discussões nacionais e cativou intelectuais como nenhum outro colega de profissão. Também trouxe uma sensibilidade diferente para o gênero, com um olhar mais sofisticado para o mundo dos ricos e das classes médias. A trajetória do escritor é tema da biografia "Gilberto Braga: O Balzac da Globo" (ed. Intrínseca), escrita por Mauricio Stycer. "A obra dele tinha características que permitiam fazer essa alusão a Balzac", comenta o biógrafo, jornalista especializado em TV e colunista da Folha. Na entrevista ao Ilustríssima Conversa, Stycer fala sobre essa trajetória e como Gilberto Braga e outros autores fizeram da novela o grande produto audiovisual brasileiro. Produção e apresentação: Marco Rodrigo Almeida Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.