Perguntar Não Ofende

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Sinopse

Conversas do Daniel Oliveira Que Não Faz Chorar

Episódios

  • Filipe Froes: Como está a evoluir a pandemia da COVID-19 em Portugal?

    24/03/2020 Duração: 01h16min

    Quando gravamos este episódio ainda não é claro como nos estamos a sair no combate contra o COVID-19. Por agora, e só por agora podemos falar, não estamos tão mal como os piores – Itália, Espanha, Irão ou China – nem tão bem como os melhores – Alemanha ou Coreia do Sul. Entre a tese que dominou o Reino Unido durante umas poucas semanas, que passava por deixar o vírus garantir a imunidade, protegendo apenas os grupos de risco, e os que defendem uma quarentena geral e obrigatória há um mundo de possibilidades e nuances que, por mais paixões que tomem as redes sociais, não se resolvem em debates entre leigos. E nem todos os países combatem este vírus nas mesmas condições. As comparações são, por isso, arriscadas. Por isso, hoje falamos com o médico Filipe Froes. É pneumologista, diretor da Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital Pulido Valente, em Lisboa, e coordena a Comissão de Trabalho de Infecciologia Respiratória da Sociedade Portuguesa de Pneumologia e o gabinete de crise da Ordem dos Médicos para o nov

  • Pedro Siza Vieira: Como resistirá a economia ao COVID-19?

    18/03/2020 Duração: 01h22min

    O governo anunciou, na semana passada, medidas de apoio às empresas e aos trabalhadores. Quase simbólicas, apenas para dar um sinal aos agentes económicos de que seria feita qualquer coisa. E dizer aos trabalhadores que, nesta primeira fase, ainda terão alguma coisa garantida. Por quanto tempo, é também o que tentamos saber com esta conversa. Poucas horas antes de gravarmos este episódio, ministro da Economia e ministro das Finanças apresentaram um pacote mais ambicioso, de que também vamos falamos ao longo desta entrevista. Prorrogações de prazos de pagamentos ao fisco e à segurança social, uma moratória que suspende o pagamento de juros e de capital a empresas que não o consigam pagar, uma linha de crédito de 3 mil milhões de euros para as empresas. 9 mil e 200 milhões de euros em despesa para dar liquidez às empresas. Veremos o que se prepara para os particulares. Certo é que vem um rombo orçamental e qualquer cumprimento do défice é pura fantasia. A dar a cara por este momento difícil tem estado, entre ou

  • Graça Freitas: Estamos preparados para o coronavírus?

    11/03/2020 Duração: 01h06min

    O rosto deste período de emergência do surto de coronavírus em Portugal é Graça Freitas, a diretora-geral da saúde que substituiu o histórico Francisco George. Quando começou este processo disse que estávamos preparados para o enfrentar. Essa afirmação, que contrasta com denúncias feitas por profissionais de saúde, já lhe valeu exigências de demissão. Mas antes de nos preocuparmos com responsabilidades políticas, temos de tratar da guerra em curso. Se vamos ser Itália, que falhou no período de contenção antes da inevitável epidemia, ou como os países do norte da Europa, que parecem ter conseguido melhores resultados. Esta conversa foi gravada na manhã de 11 de março e, por isso, todos os dados, números e informações que são fornecidos estão obviamente sujeitos a permanente atualização. Tentámos, aliás, o difícil exercício de não concentrar a nossa conversa em questões que podem ficar desatualizadas em poucas horas. Site da Direção-Geral da Saúde dedicado ao vírus, com todas as informações fundamentais: https

  • Paulo Pena: É possível vencer as fake news?

    05/03/2020 Duração: 01h28min

    “A liberdade de opinião é uma farsa se a informação factual não estiver garantida e os factos, eles próprios, estiverem em disputa”. Esta frase de Hannah Arendt abre o livro que serve de mote a esta conversa. Para viver em democracia é preciso partilhar os factos sobre os quais se faz o debate. A verdade e a mentira não deixaram de existir. São elas a base para a percepção de uma realidade partilhada que qualquer grupo de pessoas precisa para viver em comunidade. O convidado de hoje é o autor do livro que referi no início desta introdução, “Fábrica de Mentiras, viagem ao mundo das fake news”. Paulo Pena trabalha no “Diário de Notícias” e no projeto europeu Investigate Europe. É o jornalista português que tem investigado de forma mais sistemática o mundo que rodeia as fake news. Ler um excerto do livro: http://www.gostodeler.pt/libros/fbrica-de-mentiras/MPT-001418/fragmento/  Apoie o podcast em www.patreon.com/perguntarnaoofende Newsletter: www.perguntarnaoofende.pt Obrigado a todos os patronos que apoiam

  • Paulo Pedroso: É possível restaurar o Estado Social?

    27/02/2020 Duração: 01h48min

    Na sua experiência política e académica, Paulo Pedroso sempre esteve ligado às políticas sociais. Num momento em que a esquerda tem de escolher se lhe chega ser o aluno bem comportado europeu, ou se prefere reconstruir um discurso aspiracional capaz de lhe dar a capacidade mobilizadora que perdeu para a extrema-direita, a conversa de hoje com ele anda à volta do Estado Social e de um programa para o reativar e defender. Mas também sobre as razões que levaram o professor e ainda administrador do Banco Mundial a desvincular-se do PS. Tendo como pano de fundo a experiência da “geringonça” e o seu fim, e o surgimento de propostas políticas como as de Bernie Sanders, do Sinn Féin ou do entretanto derrotado Jeremy Corbyn. Experiências que nos dizem que o regresso a uma agenda mais agressiva quanto ao reforço das funções económicas e sociais do Estado parece mobilizar muito mais os jovens do que a maioria dos dirigentes de esquerda suspeitavam. Apoie o podcast em www.patreon.com/perguntarnaoofende Newsletter: www.

  • Miguel Gaspar: O que vai acontecer no centro de Lisboa?

    19/02/2020 Duração: 01h44min

    Entram, na cidade de Lisboa, 400 mil carros por dia. Com os dos lisboetas, são 600 mil. Não cabem na cidade. Os condutores passam 160 horas por ano presos em filas de trânsito e perdem uma semana de trabalho à procura de estacionamento. E não vale a pena esperar que os transportes fiquem excelentes. Não há bons transportes públicos sem limitação severa do transporte individual. Os carros continuam a ser donos e senhores da cidade de Lisboa. Ocupam mais de metade do espaço publico apesar de estarem parados 95% do tempo e, em 80% dos casos, transportarem apenas um ocupante. Miguel Gaspar não é muito mediático mas tem tido um papel central na capital e, por isso, na vida de milhões de portugueses. Mais técnico do que político, o vereador da mobilidade da Câmara Municipal de Lisboa é responsável pelo avanço das ciclovias, pela explosão dos modos de transporte ativo partilhado e por mudanças no estacionamento que, no passado, levariam à demissão de um presidente da Câmara. Uns dirão que Miguel Gaspar está sintoniz

  • Luaty Beirão: Angola está mesmo a mudar?

    06/02/2020 Duração: 01h07min

    Em 2015, Luaty Beirão e mais 14 companheiros foram apanhados na mais sórdida das conspirações: aprendiam, através da leitura, como combater ditadores. Como o poder colonial, os homens do MPLA temiam o que os livros podem fazer a jovens idealistas. No dia 20 de junho foram detidos. A acusação de preparação de atentado contra José Eduardo dos Santos era tão ridícula que só contribua para o objetivo de Luaty e dos seus companheiros: impedir que o mundo continuasse a ignorar, em troca do saque da riqueza angolana, a natureza ditatorial do regime. Na prisão, Luaty completou 36 dias de greve de fome, não permitindo que a sua luta fosse esquecida. Em março de 2016 foram condenados a cinco anos e meio de prisão. Mas, poucos meses depois, e perante a crescente pressão internacional, o regime libertou-os. Entretanto, José Eduardo dos Santos saiu da presidência e a sua poderosa família caiu em desgraça. Luaty foi mantendo a esperança. Suficiente para deixar de se referir ao regime angolano como uma ditadura. Suficiente

  • Ana Gomes: “Salvaremos a democracia denunciando a corrupção?”

    30/01/2020 Duração: 01h08min

    Ana Gomes, que já foi convidada neste podcast para falar de Europa quando se despediu do seu lugar de eurodeputada, vem aqui para falar de um tema muito diferente, sobre o qual tem sido uma das vozes mais ativas: corrupção. O motivo próximo é óbvio e também nele ela tem desempenhado um papel central de denúncia: o Luanda Leaks, que envolve os negócios de Isabel dos Santos. Sabemos hoje que Rui Pinto foi a fonte dos leaks. Isto tem levado muitas pessoas a sublinhar que parece haver, na justiça, na comunicação social e na política, quem ache há fugas boas e fugas más. A crítica é justa mas não esgota o debate. Que instrumentos aceitamos que um privado use para descobrir a verdade? Mais do que que damos ao Estado? Usar informação recolhida em escritórios de advogados não ataca o núcleo duro do Estado de Direito? Reconheço em Ana Gomes uma combatente incansável na denúncia da corrupção, bem distante daqueles que para beneficio próprio espalham a suspeita indiferenciada e desprezam o Estado de Direito democrático.

  • Gonçalo Leite Velho: “Portugal tem ciência e tecnologia que chegue?”

    23/01/2020 Duração: 01h18min

    Na ciência e investigação reina a selva laboral. Com consequências para a liberdade e pluralismo do pensamento académico. E a ausência de um vínculo impede a representação destes trabalhadores na vida democrática das instituições. Desde 2003, têm surgido várias associações que representam estes precários ultra-especializados e muitíssimo mal pagos. Só depois de muita pressão os sindicatos lhes começaram a prestar atenção. Um deles, mas já não o único, foi o Sindicato Nacional do Ensino Superior. O convidado de hoje é presidente do SNESup desde 2016. Gonçalo Leite Velho é doutorado em arqueologia e está a fazer um segundo doutoramento na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. É-lhe atribuída a autoria da primeira “coligação negativa” contra o governo de António Costa, na anterior legislatura, que permitiu corrigir, logo em 2017, o Decreto- lei do Emprego Científico, contra a vontade do Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Com ele, falamos do ambiente que se vive na nossa academia e sob

  • Marcelo Freixo: “Bolsonaro pode começar a ser derrotado no seu berço, o Rio de Janeiro?”

    16/01/2020 Duração: 01h06min

    Em Tropa de Elite 2, há um professor de história que se transforma num ativista em defesa dos direitos humanos que acaba por se candidatar a deputado estadual, presidindo aí a uma comissão de inquérito contra o poder das milícias nas favelas. Essa personagem, Diogo Fraga, foi inspirada no convidado de hoje. Marcelo Freixo é deputado federal pelo Partido Socialismo e Liberdade, PSOL, e uma das figuras mais populares da esquerda carioca. De tal forma que, em 2014, foi o deputado estadual mais votado do Brasil. É candidato à prefeitura do Rio de Janeiro pela terceira vez, agora com o apoio do PT. Da última, em 2016, foi à segunda volta e conseguiu, contra Marcelo Crivella, 40% dos votos. Agora avança com uma base muito mais alargada e com o atual prefeito do Rio com baixíssimo taxas de popularidade. É uma das maiores esperanças da esquerda brasileira. E se, como membro de um pequeno partido brasileiro, conseguisse o milagre de conquistar o Rio de Janeiro à direita ultraconservadora brasileira, passaria a ser um

  • Bernardo Pires de Lima: “Trump é um perigo para a paz mundial?”

    08/01/2020 Duração: 01h19min

    Há dezasseis anos, os Estados Unidos invadiram o Iraque com base numa mentira. Uma aventura que foi paga com o nascimento do Daesh no meio das ruinas iraquianas, a destruição da Síria, o crescimento do fundamentalismo islâmico, atentados no mundo árabe e na Europa, vagas de refugiados que ajudaram a fazer crescer a extrema-direita europeia. Mesmo depois da lição iraquiana, Donald Trump não hesitou em voltar a pontapear o vespeiro, provocando, em simultâneo, Iraque e Irão. Para falar dos acontecimentos recentes no Irão, sublinhando que gravámos esta conversa na tarde de 7 de janeiro (terça-feira), os riscos que o Presidente dos EUA representa para a paz mundial e o impacto do processo de impeachment nas suas escolhas e nos resultados das próximas eleições norte-americanas, convidámos Bernardo Pires de Lima para uma conversa. É investigador associado do Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa, colunista e comentador em vários órgãos de comunicação social e consultor de risc

  • Emissão Especial – Perguntas dos Ouvintes II

    27/12/2019 Duração: 01h46min

    Este ano voltamos a fazer uma emissão especial do Perguntar Não Ofende, entre o Natal e o Ano Novo, para responder às perguntas que os patronos e outros ouvintes colocaram na semana passada sobre o podcast mas também sobre outros temas. Um episódio mais longo do que o normal porque, tal como no ano passado, foram muitas as questões que nos chegaram até ao dia da gravação, através das redes sociais. Regressamos à programação normal em 2020. Newsletter: www.perguntarnaoofende.pt Obrigado a todos os patronos que apoiam mensalmente o podcast, em especial a João Barata Nevez, Filipe Vilaça, Manuel Mosteiras, Margarida Lucas, Susana Mateus, Pedro Pinto, João Nelas, Luís Marques, André Condes Morais, Nuno Costa, AL, Mário Pontífice,  Eva Falcão, João Carlos Silva, Delfim Batista, Joyce Cardoso, Filipe Vieira, Vasco Barros, Eduardo Rui Jorge, Ana Alice Batista, João Lousada Soares, Luís Branquinho, Teresa Ramalho, Sandra Beleza, Nuno Azevedo Lopes, RCBugman, Francisco Ferreira, João Alvelos, David Calão, Sónia Mari

  • Maria Saldanha Pinto Ribeiro: “Como continuar a ser pai e mãe depois do divórcio?”

    19/12/2019 Duração: 01h18min

    Maria Saldanha Pinto Ribeiro foi uma das primeiras mediadoras familiares em Portugal. Trabalhou como psicóloga no Tribunal de Família de Lisboa, especializou-se em Mediação Familiar e fundou, com um grupo de magistrados, o Instituto Português de Mediação Familiar, de que é presidente. Escreveu, com Daniel Sampaio e José Augusto Pais do Amaral Permanecer Pais para Lá da Separação e, mais recentemente, Amor de Pai – Divórcio, Falso Assédio e Poder Paternal. Como mediadora, foi acompanhando milhares de famílias em momentos especialmente delicados. Conhecendo de cor as queixas, os traumas, os conflitos e as táticas de combate. Tentando mudar uma cultura judicial que privilegia a guerra em vez da negociação, fazendo parte do problema e não da solução. Tentando que o superior interesse da criança passe mesmo a estar no centro dos processos de divórcio. Agora, diz que se emociona ao pensar que podemos chegar à instituição da residência alternada como regime preferencial. Mas este combate não chegou ao fim. É a convi

  • Ricardo Esteves Ribeiro (Fumaça): “Há alternativa ao jornalismo que temos?”

    05/12/2019 Duração: 01h04min

    O Fumaça foi precursor de um movimento lento, difícil e sem vitória certa, de recuperação de um jornalismo que não cede ao espetáculo, ao imediatismo e ao sensacionalismo e procura alternativas à mercantilização da informação. Vivemos uma crise de mediadores. Afirmar isso passa por repensar o mediadores. Repensar o modelo de financiamento, o tipo de jornalismo que queremos e as dependências que dispensamos. Nuns casos, isto passa por inovar, noutros por tentar andar para trás para reconstruir uma relação de confiança com os cidadãos que perdeu. Se não com toda a comunidade, pelo menos com aqueles que querem continuar a ter acesso a informação credível. Ricardo Esteves Ribeiro tem sido, sem querer fazer distinções, um dos principais rostos deste projeto. Recebeu o prémio revelação Gazeta do clube de jornalistas, com a primeira grande reportagem do Fumaça, na Palestina ocupada. Tem 26 anos, é jornalista e é o meu convidado de hoje. Para repetirmos uma conversa com três anos, agora em lugares trocados e na casa

  • Ricardo Paes Mamede: “Quando vem a próxima crise?”

    28/11/2019 Duração: 01h16min

    A pergunta que dá título a este episódio é retórica. É impossível responder-lhe porque é impossível adivinhar a confluência de milhares de acontecimentos e decisões dos próximos anos. Mas sabemos que virá. Não é no excesso de peso de Estado que está a origem das crises cada vez mais recorrentes. É na livre circulação de capitais que espalha a instabilidade a uma velocidade incontrolável, no crescimento baseado no endividamento de todos os sectores da sociedade, na desigualdade crescente e na estagnação salarial. E todos estes fatores de risco estão ligados entre si. Falamos sobre eles no episódio de hoje com Ricardo Paes Mamede, economista, professor no ISCTE e, depois de várias responsabilidades em gabinetes de precisão e avaliação económica do Estado, tem assento no Conselho Económico e Social. É comentador na televisão e em jornais e autor de vários livros, sempre sobre economia. Newsletter: www.perguntarnaoofende.pt Obrigado a todos os patronos que apoiam mensalmente o podcast, em especial a Filipe Vila

  • David Justino: “Qual é o lugar político do PSD?”

    21/11/2019 Duração: 01h18min

    O PSD vai para eleições internas no meio de uma profundíssima crise da direita portuguesa. Crise, porque PSD e CDS ficaram reduzidos a menos de um terço dos eleitores e porque podemos estar a assistir, com o aparecimento de dois novos partidos na direita parlamentar, a uma reestruturação deste espaço político. Enquanto a esquerda se adaptou ao novas divisões na sociedade, sobretudo com o aparecimento do Bloco de Esquerda,  a direita continuava com a mesma estrutura partidária dos anos 70. E com o PSD a insistir numa identidade ideológica que, tendo feito sentido depois da revolução, é anacrónica para a sua base eleitoral. David Justino é economista e sociólogo, militante do PSD desde 1992 e um dos seus atuais vice-presidentes. Foi ministro da Educação no governo de Durão Barroso e presidente do Conselho Nacional de Educação, até 2017. Foi, desde a chegada de Rui Rio à liderança do PSD, o seu apoiante mais relevante. Apesar disso, não aceitou ser candidato a deputado mas aceitou conversar no episódio de hoje.

  • Beatriz Gomes Dias: “Faz diferença termos três deputadas negras?”

    14/11/2019 Duração: 01h14min

    A chegada de três negras ao Parlamento corresponde a uma mudança radical. É um choque para um país que se habituou a fingir que não era racista. Mas o facto de ser um choque não deve chegar para nos satisfazer. Em democracia, é necessária a persuasão política. Porque sabemos a quem serve a polarização: a quem, não tendo a maioria dos trabalhadores, sonha representar a maioria dos brancos. Quis o destino que esta mudança acontecesse com a chegada da extrema-direita ao parlamento. Uma não é consequência da outra e mal seria que os Venturas deste país impedissem que as minorias levantassem a sua voz. Mas não podemos ignorar este facto e lidar com ele. Uma das eleitas foi Beatriz Gomes Dias. Nasceu em Dakar, no Senegal, mas tem ascendência guineense. É professora de biologia do ensino básico e secundário, membro da associação SOS Racismo e fundadora e dirigente da Djass – Associação de Afrodescentes. E é, desde o mês passado, deputada do Bloco de Esquerda. É convidada deste episódio gravado há dias ao vivo e com

  • Gilberto Couto: “A eutanásia é um direito?”

    07/11/2019 Duração: 01h04min

    A eutanásia vai ser despenalizada. Na legislatura anterior, foram chumbados os projetos do Bloco de Esquerda, PAN, PS e Verdes para a despenalização da eutanásia. A diferença foi, no projeto que teve o melhor resultado, de apenas cinco votos. Contou com a oposição dos partidos de direita e o PCP. Com a nova composição do Parlamento esse chumbo será virtualmente impossível. Há uma vantagem de 40 deputados para os que apoiam a nova legislação. Conta com o apoio explícito do PS, Bloco, PAN, Iniciativa Liberal e Livre. E do líder do PSD, Rui Rio. E o BE já anunciou que irá reapresentar o seu projeto. Gilberto Couto é médico de Gastrenterologia e foi uma das figuras mais destacadas do movimento Direito a Morrer com Dignidade, fundado em 2015 pela filósofa Laura Ferreira dos Santos e o médico João Ribeiro dos Santos e notabilizado pelo deputado e médico João Semedo. Teve um papel central na construção de muito do argumentário deste movimento, autor do livro A Eutanásia Descodificada: um guia para o debate/referendo

  • José Pacheco: “A escola que temos serve a sociedade que queremos?”

    31/10/2019 Duração: 01h28min

    José Pacheco começou exercer nos anos 70, chegando por esta altura, como professor de substituição, à Escola da Ponte. A sua função era ensinar uma turma de 60 alunos de todas as idades. É nestas condições que iniciou um processo de reflexão sobre a Escola, os alunos, os métodos de ensino. Porque ninguém trabalha sozinho, passou a reunir-se com duas colegas, uma vez por semana, para discutir. Com elas desenvolveu um projeto pedagógico. Aos poucos, as metodologias que iam definindo alastraram a toda a Escola.  O processo de aprendizagem é um processo coletivo. Os alunos planeiam as suas próprias atividades e a organização do seu tempo; a aquisição e criação de conhecimento é parte de um processo de crescente autonomia e de responsabilização. Para José Pacheco, a educação “convencional” é ter crianças do século XXI com professores do século XX a trabalhar como no século XIX. Um modelo que não produz conhecimento, que põe os professores doentes e que cria analfabetos funcionais. Por contraponto, propõe uma Escol

  • Alfredo Cunhal Sendim: “Há uma agropecuária sustentável e capaz de nos alimentar?”

    20/10/2019 Duração: 01h22min

    Alfredo Cunhal Sendim é neto de um latifundiário de Montemor. Era ele ainda uma criança, as terras foram ocupadas pela Reforma Agrária. Quando a família as recebeu de volta, Alfredo era um jovem universitário em Évora, que vinha de uma vida urbana e despreocupada da Avenida de Roma. Quando as terras lhe caíram no colo, começou por fazer o que sempre se tinha feito. Comprou mais ovelhas, que alimentava com o que vinha de fora, produzia trigo e a cortiça pagava os prejuízos do resto. Foi a aprendizagem através do erro que o fez repensar tudo. E tinha a escala que lhe permitia ser mais ambicioso. Hoje, a Herdade do Freixo é um exemplo incontornável para quem queira pensar alternativas para uma agropecuária sustentável.  Recuperou o montado, um sistema agro-silvo-pastoril criado e mantida pelo homem durante oito séculos, para aproveitar de forma sustentada solos pobres e um clima hostil. Um sistema que foi destruído pelo uso industrializado, intensivo e insustentável dos solos. O montado permite uma exploração mu

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